sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Fratura de tíbia e fíbula

A tíbia, osso da canela ou osso da perna é um do osso longo frequentemente fraturado. Os ossos longos incluem o fêmur, úmero, tíbia e fíbula. A fratura diafisária da tíbia ocorre ao longo do comprimento do osso, abaixo do joelho e acima do tornozelo.

A fíbula articula-se com dois ossos: tíbia e tálus. Não possui função de sustentação de peso. A tíbia é o maior dos dois ossos, ele suporta a maioria do peso corporal e é uma parte importante da articulação do joelho e do tornozelo.

Normalmente a fratura dos ossos longos é decorrente de uma grande força e outras lesões ocorrem frequentemente com estes tipos de fraturas.

A tíbia pode quebrar de diversas formas. A gravidade da fratura geralmente depende da quantidade de força que causou a fratura. A fíbula é muitas vezes quebrada também. 

OS TIPOS MAIS COMUNS DE FRATURAS:
  • Fratura estável
  • Fratura deslocada ou desviada
  • Fratura transversa
  • Fratura oblíqua
  • Fratura espiral
  • Fratura cominutiva
  • Fratura exposta
  • Fratura fechada

CAUSAS:

Colisões, quedas de moto e acidentes de alta energia, são causas comuns. 

Lesões esportivas: Essas fraturas são normalmente causadas ​​por uma força de torção e resultam em um tipo oblíquo ou espiral de fratura.

Como foi o caso do lutador de MMA Anderson Silva, ele fraturou a tíbia e fíbula esquerda com um chute no adversário. Ele passou por uma cirurgia onde foi inserida uma haste intramedular na tíbia esquerda. A fíbula quebrada foi estabilizada e não vai precisar de uma cirurgia à parte. O tempo de recuperação para esse tipo de lesão pode variar de três a seis meses.

OS SINTOMAS MAIS COMUNS:
Dor
Incapacidade de caminhar ou suportar o peso sobre a perna
Deformidade ou instabilidade da perna
Osso saliente sob a pele 
Perda ocasional da sensibilidade no pé

EXAMES:

Radiografia
Pode mostrar se o osso está quebrado e se há deslocamento. Eles também podem mostrar quantos pedaços de osso existem.

A tomografia computadorizada (TC)
A tomografia computadorizada mostra uma imagem de corte transversal do membro. Ele pode fornecer mais informações sobre a gravidade da fratura.

TRATAMENTO:

Tratamento não cirúrgico pode ser recomendado para pacientes que:
Tem doenças sistêmicas que dificultam o tratamento operatório (diabetes, doença vascular)
Pessoas sedentárias, que por isso são mais capazes de tolerar pequenos graus de angulação ou diferenças no comprimento da perna
Têm fraturas fechadas com apenas dois fragmentos de ossos grandes e com deslocamento pequeno

Tratamento com aparelho Gessado
Um método de tratamento não cirúrgico é o gesso tipo PTB (Patelar Tendon Bearing - gesso de contato total com apoio no tendão patelar descrito por Sarmiento) Inicialmente é usada uma calha, depois um gesso completo: cruro podálico e finalmente o PTB. Depois de semanas no gesso, ele pode ser substituído com um imobilizador ou brace funcional e iniciada fisioterapia.

Tratamento Cirúrgico
Uma fratura aberta ou exposta, ou ainda que apresente feridas que necessitam de monitoramento 
Extremamente instável devido a fragmentos de ossos soltos e grandes deslocamentos 
Fratura que não curou com métodos não-cirúrgicos

Fixação Intramedular 
A forma atual mais popular de tratamento cirúrgico para fraturas da tíbia é a haste intramedular. Durante este procedimento, uma haste de metal especialmente projetada é inserida a partir da frente do joelho para baixo no canal medular da tíbia. A haste passa através da fratura para mantê-lo na posição, o ideal é fixar a haste percutaneamente na região proximal e distal a fratura.

Placas e parafusos
Os fragmentos ósseos são primeiramente reposicionados (reduzidos) em seu alinhamento normal. Eles são mantidos juntos por parafusos especiais e placas de metal ligada à superfície externa do osso.

Fixação externa
Os pinos e parafusos são conectados a um barra fora da pele. Este dispositivo é um quadro de estabilização que mantém os ossos na posição adequada para que eles possam curar e a pele cicatrizar.

RECUPERAÇÃO PÓS FRATURA

O tempo para voltar às atividades diárias varia de acordo com diferentes tipos de fratura. Algumas fraturas da diáfise tibial curam dentro de quatro meses, mas muitos podem demorar 6 meses ou mais tempo. Isto é particularmente verdadeiro com fraturas expostas e nas fraturas em pacientes menos saudáveis com doenças sistêmicas e desnutridos.

Movimentação precoce
É incentivado o movimento das pernas no início do período de recuperação. Se lesão de tecidos moles está presente com uma fratura, o joelho, tornozelo, pé e dedos podem ser mobilizados no início, a fim de evitar a rigidez e evitar trombose.

Peso corporal
Quando o paciente começa a andar, provavelmente precisará usar muletas ou um andador.

Dor 
A dor no local da fratura geralmente diminui muito antes mesmo do osso colar. Colocar peso sem autorização médica em fraturas com extensão metafisária e articular para o joelho ou tornozelo pode provocar afundamento ósseo e a necessidade de cirurgia para colocação de enxerto. 

Fisioterapia
As complicações após a imobilização são rigidez articular, atrofia muscular da parte distal da perna e possivelmente da musculatura da parte proximal da coxa e quadril, assim como um padrão anormal da marcha. É importante que o fisioterapeuta realize uma avaliação abrangente para determinar todos os possíveis problemas que podem surgir na reabilitação inclusive amplitude de movimento, mobilidade articular, flexibilidade muscular, comprometimento de força, propriocepção, equilíbrio e marcha, o fisioterapeuta precisa também determinar as necessidades funcionais que serão impostas ao paciente e estabelecer objetivos a curto e a longo prazo de acordo com essas necessidades.

Deve-se utilizar recursos cinesioterápicos para mobilização articular, alongamentos terapêuticos e fortalecimento da musculatura preservada a fim de evitar atrofias. É importante abordar os déficits de amplitude de movimento imediatamente com exercícios de ganho de ADM, alongamentos passivos e mobilização articular. Deve-se iniciar com exercícios de fortalecimento isométrico evoluindo para isotônico assim que a ADM estiver normalizada. Após o inicio da descarga de peso deve-se treinar e reeducar a marcha e fortalecer musculatura da coxa e estabilizadores do quadril.

Na evolução de uma fratura intervêm múltiplos fatores, como a idade do paciente, a lesão de partes moles, a perda óssea, a existência prévia de enfermidades, infecções, cirurgia realizada em momento oportuno, a técnica operatória bem escolhida, o conhecimento do cirurgião, a reabilitação, a colaboração do paciente e outros fatores.


Fonte:
SILVA, M. Fratura de tíbia. Rio de Janeiro - 2012
MASCHIO, M. Abordagem fisioterapêutica em paciente com fratura de tíbia e fíbula. relato de caso. Santa Catarina – 2009.