A
Doença Encéfalo Vascular (DEV) tem um inicio súbito e o paciente pode
apresentar déficit motor agudo, desequilíbrio
postural, espasticidade, déficits proprioceptivos, perda progressiva das
habilidades motoras e cognitivas, alterações funcionais e hemiplegia. Os pacientes com DEV normalmente apresentam
assimetria, onde a descarga de peso é transferida para o lado não-parético. No período de janeiro de 2008 a dezembro de 2011 houve no Brasil cerca
de 170.170 internações para tratamento da doença encéfalo vascular isquêmica ou
hemorrágica, sendo que maior parte dessas internações foram em São Paulo -
17,8%. Salvador ocupa o nono lugar em número de internamento hospitalar, perfazendo
um percentual de 4,2%. Com
esses índices a DEV é um problema de saúde pública e uma patologia delicada por
se tratar do cérebro que é um órgão complexo e o principal do sistema nervoso.
Vários são os
métodos de tratamentos utilizados para esse tipo de paciente, a Reabilitação
Virtual vem sendo muito utilizada e demonstra bons resultados como método de
tratamento na reabilitação motora. A terapia por vídeo game interativo oferece
um modo simples e acessível de terapia de realidade virtual, tem o potencial de
criar ambientes estimulantes, divertidos e desenvolver uma gama de habilidades
baseados em tarefas técnicas para sustentar interesse e motivação dos
participantes.
Esse relato de
caso foi realizado na Clinica Escola de
Fisioterapia da Faculdade Social da Bahia– FSBA, em Salvador, Brasil. A amostra foi
composta por 5 indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 20 e 60 anos, com
diagnostico exclusivo de DEV. Os indivíduos
foram divididos em 2 grupos escolhidos de forma randomizada, onde um grupo fez
a terapia com a fisioterapia clássica (grupo I) e o outro grupo fez a terapia com
a fisioterapia clássica mais a reabilitação virtual (grupo II). O protocolo foi
realizado 2 vezes por semana durante 50 minutos. Eles foram avaliados antes e
após a intervenção que durou o período de agosto de 2012 a abril de 2013.
A transferência
e descarga de peso foram avaliadas através da baropodometria computadorizada, que é um método que faz mensuração das
pressões exercidas em vários pontos anatômicos da superfície plantar com
medidas precisas, os indivíduos ficaram em cima de
uma plataforma cerca de 10 segundos, que é o tempo suficiente para que o
sistema de computador capture o local de maior transferência e descarga de
peso.
Os pacientes do
grupo I realizaram:
1ª sessão - alongamento em membros, mobilização
de tronco, mobilização escapular, Kabat em MMSS e atividades de preensão.
2ª sessão - alongamento em membros, mobilização
de tronco, Kabat em MMII, treino de equilíbrio em ortostase e atividades de
marcha.
Os pacientes do
grupo II foram tratados numa sala equipada com aparelho de Nintendo Wii e
projetor multimídia:
1ª sessão - mobilizações
de tronco e alongamentos em membros, mais jogos de Tênis e Bambolê.
2ª sessão - mobilizações de tronco e alongamentos em
membros, mais jogos de Boxe e Futebol.
Os resultados
encontrados foram no grupo I houve melhora na transferência e descarga de peso
de todos os pacientes. Com média pré-intervenção de 40,05% ± 0,67% e média
pós-intervenção de 45,71% ± 3,20% no lado acometido.
No grupo II
houve melhora em todos os pacientes com um aumento na transferência e descarga
de peso no lado comprometido na ultima avaliação. Com média pré-intervenção de 36,37%
± 7,06% e média pós-intervenção de 43,21% ± 7,96% no lado acometido.
Comparando os
dois grupos, o grupo I teve uma média de 45,71% enquanto o grupo II teve uma média de 43,21% na perna
direita que é o lado acometido de todos os pacientes estudados. Entretanto a
diferença não foi estatisticamente significativa.
Conclusão:
Apesar de alguns
artigos falarem sobre os possíveis benefícios da reabilitação virtual, existem
poucas evidências dos seus resultados. Porém acreditamos que esse equipamento pode ser mais eficaz como um
complemento à reabilitação de DEV do que como a terapia propriamente dita. A
partir dos resultados do presente estudo, pôde-se observar que a intervenção
por meio da realidade virtual proporcionou um aumento na transferência e
descarga de peso em indivíduos hemiparéticos com sequela de DEV. Porém, novos
estudos devem ser realizados, com uma maior amostra e metodologia mais
abrangente, a fim de que melhore o nível de evidência
científica quanto ao uso destes recursos na reabilitação de indivíduos
portadores de sequela de DEV.
>>Estudo realizado pelos Fisioterapeutas Marcus Fonseca e Rebeca Lôbo
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